O sul da Bolivia é uma região de puna, clima seco e altitude que molda cada detalhe da paisagem. Além disso, fica entre a Argentina e o Chile, o que cria um território de vales férteis, montanhas andinas e desertos extremos em uma mesma viagem. Enquanto Tarija guarda vinícolas e serras preservadas, Potosi revela história colonial e cultura mineradora. Já mais ao oeste, o caminho muda completamente até alcançar o maior deserto de sal do mundo: o Salar de Uyuni.

Eu fiz esse roteiro em 2023 enquanto estava na Argentina. Como eu já estava perto, decidi seguir viagem pelo sul da Bolivia e combinar esses três destinos. Dessa forma, consegui conectar cultura, natureza e paisagens de altiplano em uma rota prática e intensa.
O que conhecer no sul da Bolivia?
A região tem vários destaques e todos se complementam. A seguir, resumo cada área para você entender o panorama geral antes de entrar no roteiro.
Salar de Uyuni e o altiplano andino
O Salar é o maior deserto de sal do mundo e, além disso, está no coração do altiplano. Em volta dele surgem lagunas coloridas, vulcões, desertos e formações rochosas que fazem fronteira com o Chile. Assim, a combinação cria algumas das paisagens mais surreais da Cordilheira dos Andes.

Potosi e o Cerro Rico
Potosi é uma das cidades coloniais mais importantes da América. Por isso, visitar o Cerro Rico ajuda a entender a história e a relação cultural com a mineração. A experiência nas minas ativa também revela muito sobre o Tío e a cosmovisão andina que acompanha quem trabalha lá.

Tarija e o vale dos vinhos
Tarija é tranquila e charmosa. Além disso, é a maior produtora de vinhos do país e serve como base para explorar a Cordilheira de Sama. A combinação de vales férteis com montanha cria um clima ótimo para relaxar e descobrir uma Bolivia pouco explorada pelo turismo.

Roteiro circular saindo da Argentina
Saindo do norte da Argentina, eu cruzei a fronteira de Bermejo. Como não é uma fronteira turística, ela pode ser um pouco confusa. Por isso, se você prefere facilidade, vale pegar o ônibus direto de Salta para Tarija. Assim, o próprio pessoal do ônibus te orienta sobre onde fazer os trâmites migratórios.
Dia 1: De Salta a Tarija
O jeito mais simples é ir de ônibus direto. Porém, se você quer economizar ou está saindo de Jujuy, pode seguir até Aguas Blancas e fazer o cruzamento por conta própria. É tudo muito fácil. Depois da aduana argentina você recebe o papel boliviano de migração e cruza o riozinho até Bermejo seguindo o fluxo de pessoas. Em seguida, basta caminhar ou pegar um táxi até o terminal e continuar até Tarija. Eu fiz assim e, inclusive, paguei metade do valor do ônibus direto.
Dia 2: Rota dos vinhos em Tarija
No dia seguinte, recomendo fazer a rota dos vinhos com a Viva Tarija Tours. Eles visitam quatro bodegas e, além disso, todas incluem degustação. Dessa forma, o dia fica leve, divertido e com a chance de experimentar vinhos bolivianos que surpreendem bastante.

Dia 3: Cordilheira de Sama
Esse é um dos dias mais especiais. A Cordilheira de Sama tem dunas, lagunas altiplânicas, mirantes e paisagens amplas. Além disso, o tour inclui almoço campesino. Para quem viaja econômico, uma boa opção é pegar o ônibus noturno para Potosi e ganhar um dia livre no destino seguinte.
Dia 4: Dia livre em Tarija e viagem a Potosi
Caso prefira descansar em Tarija, aproveite a manhã no centro e viaje a Potosi durante o dia. Quando chegar, a altitude começa a pegar, então é melhor relaxar e caminhar devagar pelo centro histórico.
Dia 5: City tour em Potosi
Esse é o dia perfeito para o corpo se adaptar à altitude. Pela manhã, suba ao mirador da Iglesia de San Francisco e, em seguida, almoce no mercado municipal. À tarde, faça o city tour de carro turístico e depois visite uma mina no Cerro Rico. Apesar de ser uma experiência intensa, ela ajuda a compreender a vida mineradora e a espiritualidade relacionada ao Tío.
Dia 6: Viagem a Uyuni
A viagem entre Potosi e Uyuni é rápida. Por isso, você pode aproveitar a manhã em Potosi antes de seguir viagem. Uyuni é simples, então a ideia é apenas chegar, descansar e se organizar para o tour.
Dias 7, 8 e 9: Tour no Salar de Uyuni
O tour de três dias e duas noites é essencial. Além do Salar, ele passa por lagunas coloridas, gêiseres e desertos de altitude. É uma travessia clássica e, inclusive, uma das mais bonitas da Bolivia. No fim, você pode retornar a Uyuni, seguir para La Paz ou Oruro, ou terminar o tour em San Pedro de Atacama, já que o terceiro dia chega muito perto do Chile.
Pra onde devo comprar voos saindo do Brasil?
Para quem sai do Brasil, o caminho muda apenas no início. Primeiro você deve voar para Santa Cruz de la Sierra. Depois, faça conexão para Tarija e comece o roteiro. No retorno, o mais prático é viajar de ônibus de Uyuni até La Paz e, em seguida, pegar o voo para o Brasil.
Por que fazer esse roteiro?
Esse roteiro é completo porque combina cidade, natureza, cultura e experiências autênticas. Além disso, passa por regiões mais tranquilas que as capitais bolivianas. Você conhece a produção de vinhos, aprende sobre a história mineradora e atravessa paisagens de cordilheira que marcam para sempre. Tudo isso com um custo acessível e muita vida local pelo caminho.

Minha experiência
Eu fiz esse roteiro em julho de 2023 e voltei encantada. Na verdade, eu só precisava sair da Argentina para renovar meu visto e, dessa forma, aproveitei para fazer uma escapada pelo sul da Bolivia. No fim, a viagem foi tão boa que voltei em 2024 de novo.
Entre os trajetos, viajei quase sempre à noite. Apesar disso, não recomendo o trecho Potosi–Uyuni, porque a viagem é curta e você chega cedo demais, precisando pagar hospedagem de qualquer jeito. Por outro lado, os trechos Salta–Tarija, Tarija–Potosi e Uyuni–Villazon funcionaram super bem. Assim, economizei hospedagem, ganhei dias livres e consegui aproveitar mais.
A Bolivia é perfeita para quem busca autenticidade, simplicidade e paisagens intensas. Por isso, esse roteiro pelo sul do país vale cada dia da viagem.