Visitar o Salar de Uyuni nunca é igual. Já estive lá quatro vezes e, por sorte, vivi experiências completamente diferentes a cada temporada. O salar muda conforme o clima, as chuvas e até o vento. É um lugar que se transforma diante dos olhos, e cada viagem me mostrou uma nova faceta desse deserto de sal tão famoso. Vi o salar seco, branco e infinito. Também vi o efeito espelho, quando o céu e a terra se confundem e não existe mais horizonte.
Passei frio intenso no inverno, caminhei em meio à água rasa, dormi em hostais de sal e também precisei voltar para Uyuni quando as condições não permitiam seguir viagem. Esse é o encanto e também o desafio do Salar de Uyuni: entender em qual época ir e o que esperar de cada temporada.
Efeito espelho no Salar de Uyuni

O famoso efeito espelho do Salar de Uyuni é uma das imagens mais icônicas da Bolívia. Ele acontece quando uma fina camada de água cobre o deserto de sal e reflete o céu, criando a sensação de estar caminhando em meio às nuvens. O chão desaparece e a paisagem parece infinita. É mágico porque o salar se transforma em um grande espelho natural, onde até a linha do horizonte some.
Como se forma o efeito espelho
Esse fenômeno acontece durante a temporada de chuvas no altiplano andino, entre dezembro e março. A água da chuva fica retida sobre a superfície do sal, criando um reflexo perfeito. Não é preciso que o salar inteiro esteja coberto de água: basta uma camada fina para que o efeito apareça.
Quando visitar com efeito espelho
O período mais recomendado para ver o efeito espelho é entre o fim da temporada de chuvas, em março e abril. Nesses meses, ainda há água suficiente para o reflexo, mas a camada já não é tão grossa. Quando chove muito, o salar pode ficar com água acumulada em excesso e o acesso a algumas partes se torna impossível. Tem acontecido isso em fevereiro dos últimos dois anos, quando algumas áreas estavam encharcadas e até com barro, o que limitou bastante a experiência.
Pontos negativos do efeito espelho
Por mais lindo que seja, visitar o salar nessa época tem seus desafios. Quando há muita água, não é possível acessar regiões mais afastadas, como a Isla Incahuasi, também conhecida como Isla de los Cactus. Dormir nos famosos hostais de sal também fica inviável, porque os carros não conseguem chegar até lá. Isso significa que, em vez de dormir no meio do deserto, os viajantes precisam voltar para Uyuni no fim do dia, o que muda bastante a dinâmica do passeio. O tour se torna mais restrito, já que não se consegue percorrer todo o salar nem fazer rotas alternativas.
Quais meses não visitar o Salar de Uyuni?
Alguns períodos do ano não são os mais indicados para conhecer o salar. Julho e agosto, por exemplo, são meses de frio intenso. As temperaturas caem muito no altiplano e isso torna a experiência menos confortável, principalmente para quem planeja dormir em hostais de sal. Já dezembro e janeiro são meses de chuva forte, quando o salar costuma ficar difícil de acessar. Em 2024, por exemplo, fevereiro estava tão cheio de água que a superfície ficou com barro e o passeio perdeu parte do encanto. A combinação de excesso de chuva e instabilidade climática pode frustrar as expectativas.
Salar de Uyuni seco

Quando o salar está seco, a paisagem é completamente diferente. O chão fica branco e cristalino, formando um contraste impressionante com o céu azul. É nesse período que se pode visitar a Isla Incahuasi, explorar as formações de cactos gigantes e dormir nos hostais de sal, que ficam dentro do deserto. Além disso, a rota dos tours muda bastante. Quando se dorme no hostal de sal, o itinerário permite chegar mais perto das lagunas altiplânicas, com mais tempo para aproveitar cada parada. É uma experiência mais completa, já que não há a necessidade de voltar até Uyuni para dormir.
Quando visitar o Salar de Uyuni?
Minha recomendação é dividir a escolha em duas opções. Para quem sonha com o efeito espelho, abril costuma ser o melhor mês. Ainda há água no salar, mas em quantidade suficiente para garantir o reflexo sem prejudicar tanto o acesso. Já para quem quer conhecer o salar seco, setembro é ideal. O clima está mais ameno, o céu costuma estar limpo e o passeio é mais completo, com direito a dormir nos hostais e explorar mais regiões.
Minhas experiências
Minha primeira vez no salar foi em julho, em um tour de um dia. Estava seco e muito frio, o que tornou a visita um pouco desconfortável, mas ainda assim inesquecível. Na segunda viagem, fiz o tour de três dias começando e terminando em Uyuni, quando o salar estava coberto de água. Foi mágico ver o reflexo do céu e viver um pôr do sol espelhado, um dos mais lindos da minha vida. No entanto, fiquei chateada por não poder visitar a Isla de Cactus, que tanto gosto.

Na terceira vez, o salar também estava molhado, mas em 2024 havia ainda mais água do que no ano anterior. Conhecemos menos lugares e percebi que, apesar da beleza do espelho, quando há excesso de água a experiência perde profundidade. Por fim, em setembro, vivi uma das minhas temporadas favoritas. O salar estava seco, os flamingos estavam em época de cortejo e as lagunas altiplânicas exibiam cores intensas por causa do vento. Foi a viagem mais equilibrada, sem frio extremo e com a possibilidade de aproveitar cada detalhe do deserto.
Voce deve se perguntar porque voltei tantas vezes para esse lugar hahah além de amar muito o altiplano andino, organizo grupos de viagens para conhecer um roteiro completo e responsável pela Bolivia e Chile, com grupos saindo duas vezes ao ano, se interessar, vem com a genteeee!