Isla del Sol, se existe um lugar que realmente mora no meu coração, esse lugar é a Isla del Sol, na Bolívia. Desde a primeira vez que a descobri durante uma viagem pelo Lago Titicaca, senti uma conexão imediata e me apaixonei profundamente. A partir daí, não foi mais possível esquecê-la. Já voltei outras vezes e, sempre que posso, estou planejando uma nova visita.
A cada retorno, a ilha me revela algo novo, seja um canto escondido, uma conversa com um morador ou um pôr do sol inesquecível. Além disso, a energia que se sente ali, somada às paisagens de tirar o fôlego e à forte presença da cultura andina, transforma a Isla del Sol em um destino não apenas bonito, mas também profundamente marcante e transformador.
Onde fica a Isla del Sol
A Isla del Sol está localizada no lado boliviano do Lago Titicaca, aproximadamente a 30 km da cidade de Copacabana e bem próxima da fronteira com o Peru. Além de ser a maior ilha do lago, ela está situada a uma altitude impressionante, acima dos 3.800 metros. Com relação à sua geografia, trata-se de uma ilha montanhosa, coberta por vegetação nativa e habitada por pequenas comunidades andinas que vivem de forma simples e integrada à natureza.
Por não haver carros nem estradas pavimentadas, o ambiente permanece tranquilo e praticamente intocado. Além disso, a ausência de poluição e o silêncio profundo tornam a Isla del Sol um destino ideal para quem busca paz interior, contemplação e uma verdadeira conexão espiritual com a terra e o sagrado.
Lago Titicaca: o berço da cultura andina
O Lago Titicaca é considerado o lago navegável mais alto do mundo. Ele se estende entre a Bolívia e o Peru e tem uma grande importância cultural e histórica para os povos andinos. Segundo a tradição inca, foi nas águas do Titicaca que nasceram Manco Cápac e Mama Ocllo, os fundadores do Império Inca, enviados pelo deus Sol para civilizar o mundo. Por isso, a Isla del Sol é considerada um local sagrado até hoje.
A mística do Lago Titicaca
Para os povos indígenas, o Lago Titicaca não é apenas um corpo d’água — é um espelho do céu e um portal entre o mundo material e o espiritual. Muitas histórias contam que as águas escondem cidades antigas submersas e que a ilha abriga uma forte energia ancestral. Caminhar por suas trilhas é como atravessar tempos diferentes, onde a natureza e o sagrado se entrelaçam.
Como chegar na Isla del Sol
O ponto de partida mais comum para chegar à Isla del Sol é La Paz. De lá, você deve pegar um ônibus em direção a Copacabana, numa viagem que dura cerca de 4 horas. No caminho, o ônibus cruza o Estreito de Tiquina, onde todos os passageiros descem para atravessar de lancha (por apenas 2 bolivianos), enquanto o ônibus cruza numa balsa. Essa pequena travessia já é uma aventura!
Ao chegar em Copacabana, minha dica é ficar ao menos duas noites. Eu adoro a vibe do pueblo, com suas feirinhas, restaurantes locais e o pôr do sol às margens do lago. Os barcos para a Isla del Sol partem do porto entre 7h e 9h da manhã, ou à tarde por volta das 13h. Você pode escolher ir direto para o lado sul, para o lado norte, ou fazer um passeio de dia inteiro que inclui uma parte da Isla del Sol e a Isla de la Luna.
O que fazer na Isla del Sol
A principal atividade na Isla del Sol é caminhar. As trilhas que cruzam a ilha ligam o norte ao sul e passam por mirantes, ruínas incas e praias tranquilas com águas cristalinas. Como não há carros, a sensação de tranquilidade é absoluta. Prepare-se para respirar fundo e se reconectar.
Sul da Isla del Sol
O sul da ilha, onde está a comunidade de Yumani, é onde a maioria dos viajantes começa. Ali estão as escadarias incas, que levam até a famosa Fonte da Juventude, uma nascente sagrada usada desde os tempos incas. Essa região tem mais infraestrutura turística, com pousadas, restaurantes e pequenos comércios, além de moradores que oferecem passeios guiados.
Norte da Isla del Sol
Já o norte da ilha, mais rústico e autêntico, encanta quem busca um contato mais íntimo com a natureza e a história. A comunidade de Challapampa é a base ideal para explorar esse lado, onde ficam a Roca Sagrada, o Templo de Chinkana e o Labirinto Inca. Menos turistas chegam aqui, então o silêncio e a imensidão das paisagens tornam tudo ainda mais mágico.
Trekking de norte a sul
Se você gosta de aventura, recomendo o trekking de norte a sul da ilha, uma trilha de 12km que leva de 3 a 4 horas para ser completada. É possível fazer esse percurso em um único dia ou dividir em dois, pernoitando em uma das comunidades. A trilha revela paisagens incríveis com vista para o lago, as montanhas e até picos nevados dos Andes em dias claros.
Minha experiência na Isla del Sol
A Isla del Sol é mais do que um destino turístico, é um lugar para sentir, respirar e se transformar. Toda vez que volto, descubro um novo detalhe, um novo pôr do sol, uma nova conversa com um local. E sempre volto com o coração cheio e a alma leve. Se você busca uma experiência autêntica, espiritual e profundamente andina, a Isla del Sol te espera.
Primeira visita: O tour de um dia
Na minha primeira vez visitando a ilha, eu fiz o tour de um dia, o que foi perfeito, pois eu tinha um tempo limitado. Nesse passeio, conheci apenas o lado norte, onde estão os sítios arqueológicos mais importantes. O tour começou com uma visita à Isla de la Luna, seguida de uma parada no lado norte da Isla del Sol, e culminou com o almoço em um local tradicional chamado Islas Flotantes. Foi uma experiência incrível, e eu adorei cada momento. Além disso, o tour tinha um custo muito acessível — 50 bolivianos, o que era perfeito para o meu orçamento na época. Mesmo sendo uma visita rápida, pude vivenciar um pouco da magia da ilha.
Segunda visita: O trekking completo
Na minha segunda visita, decidi voltar para explorar mais a fundo e fazer o trekking completo da ilha, atravessando-a de norte a sul. Eu escolhi o lado norte novamente como ponto de partida, pois a região é rica em história e sítios arqueológicos. Quando cheguei ao pueblo do lado norte, vi que ele estava mais baixo, o que me permitiu começar a caminhada diretamente em direção ao sul, mas decidi subir até o extremo norte para revisitar os sítios arqueológicos com calma.
Se você tem pouco tempo ou não quer caminhar muito, recomendo fortemente que vá direto para o lado norte para explorar essa parte histórica da ilha, ela é realmente única e muito diferente de qualquer outra parte da ilha.
A caminhada do norte ao sul: Uma experiência inesquecível
Depois disso, comecei o trekking do norte ao sul, que foi a coisa mais linda do mundo! A caminhada foi desafiadora, com subidas íngremes e altitudes consideráveis, mas a vista incrível de todos os ângulos do Lago Titicaca e dos Andes valeu cada esforço. São 12 km de caminhada, e eu fiquei tão feliz em concluir o percurso. No lado sul, eu me apaixonei pelas opções de restaurantes e pela vibração do lugar. Foi lá que eu comi a melhor trucha da minha vida no restaurante Pachamama, um local super aconchegante e com uma comida deliciosa.
Embora o lado sul tenha mais opções de restaurantes e hospedagens, é um pouco mais caro e, em comparação com o lado norte, tem menos atrações históricas para ver. Ainda assim, a experiência gastronômica e as paisagens fazem valer a pena.
A paz do lado norte e sua praia encantadora
Mas, no fundo, o lado norte ainda tem um espaço especial no meu coração. Além de ser mais rústico e tranquilo, o pueblo de lá tem uma praia linda que, apesar de pequena, é perfeita para um descanso depois de uma boa caminhada. A paz que reina nesse local é algo único, e as águas do lago ali são cristalinas e de um azul impressionante.
A cada visita, a Isla del Sol me presenteia com novas experiências e memórias inesquecíveis. A conexão que você sente ali, seja com os locais, com a natureza ou com a energia ancestral da ilha, é algo que transcende o turismo. Se você tiver a oportunidade de ir, aproveite cada momento, pois esse lugar realmente tem o poder de transformar a gente!